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Cada pessoa tem a sua personalidade. A sua maneira de ser e de estar na vida. Deixo que imaginação das outras pessoas se exprimam. só espero que não façam muitas projecções daquilo que são em mim. LOL Se quiseres conhecer melhor ou mesmo ate pa falar do que te passar pela alma ou pela cabeça, associa juliofaisco@hotmail.com

domingo, dezembro 03, 2006

Dias báquicos


 


Ai periquito periquito. Este ano onde todos os passos iam ter a mesma rua lá no alto de Sº Francisco, onde várias gerações se cruzavam, e por momentos todos da mesma idade em redor de um só protesto o vinho novo. È sempre um acontecimento de grande alegrias alcoólicas. No princípio das noites de Outono e depois da data pagã marcada pelo dia de Sº Martinho no calendário cristão é altura de se abrir as talhas coisa que estão elas sempre, e provar o vinho novo, o chamado néctar dos deuses, com certeza que a muita boa gente este ano a rogar pragas ao menino Baco pela desgraça. Porque pelos vistos este ano os deuses lá no Olímpio não se entenderam e as coisas correram mal para o mortais, fazedores de vinhos. Mas como dizia, a romaria começa pelo acabar da hora do dia do trabalho, ou ate para curiosos vai lá tudo ter. Debaixo do braço ou no saco lá se leva o segredo a comida, o belo pão alentejano, a linguiça as febras o queijo, o bichinho da fome já aperta, por enquanto tudo 100% alentejano nada de chinesadas.
Acho que para além de já se ter agua na boca já se consegue imaginar tudo o resto que se passa no interior das quatro parede brancas o cheiro a carne a assada misturada com o cheiro do vinho novo da balsa do mosto do lume, o cheiro de uma adega. Lá fora o frio. A prenunciar o Inverno. Porque o frio tem a sua importaria para que esta arte possa ser bem ingerida pelos mortais e depois tem o seu poder de controlo por todo o corpo, da tripa ate a cachola.
Sim o frio que é de um grande factor para o fabrico do vinho e que diga o periquito e o resto dos produtores, que tiveram que fechar os pontos de encontro de gerações que se cruzam. Talvez ainda se perguntem o porque de tal infortúnio, é como se o alquimista de um momento para o outro perdesse o sentido da sua vida. O que se julga certo concreto inquestionável pelas regras da alquimia agora há um buraco um vazio. A vida enganou-se na estrada para chegar ao seu destino, agora segue por outra que levara mais tempo mas vai acabar por chegar ao mesmo sitio. Contra a força da natureza não há mesmo nada que se possa fazer.
O Emílio que em outras alturas andava em apoquentações, enche garrafas na torneira da talha põem garrafas e copos na mesa corria o corredor da adega, por estes dias esta azafama não acontece. As vozes que entoavam os cantes alentejano, que não precisa de aperitivo ou aquecimento vinícola, porque para quem gosta o cante já esta na cordas vocais pronto a ser deparado. É muitas vezes transmitido como condição oral dos mais velhos para os mais novos. Tudo isto é a riqueza alentejana a gastronomia o vinho o cante, é o Alentejo no seu sabor mais refinado. Quem por lá já passou não se esquece. Seja de que terra for. Mas não seria justo dizer que a adega do periquito seria a única pois não é, ainda há algumas que ainda vão resistindo ao tempo as mudanças da sociedade. O vento da mudança por onda passa deixa o sua marca por mais que não se queria por vezes ver coisas mudadas, são traços rústicos, arquitectónicos, sociais que nos construímos as nossas memorias as nossas vivências.
O certo é que também não há ou quase ninguém que queria abraçar a carreira de taberneiro. O que resta são os velhos das nossas vilas e aldeias a continuar o negócio. Já de a muitos anos. Recordo-me agora esta curiosidade, as tabernas na antiga civilização romana chamavas se botequim. Nome engraçado. Não tivessem sido estes tipos que começaram com estas ideias de vinho. Já sem falar também nas oliveiras. Mas isso já são outras estórias. Pois póquer isto do vinho da sempre historias para outras estoiras, para serem contadas em outros dias. Por agora só nos resta esperar para que o frio possa dar ar de sua graça no vinho, e em nós porque é sempre coisa desagradável. Por isso esse componente para aquecermos por dentro. E que de assas a estórias e as gargantas inflamadas pelo cante.