ao sul

Nome:

Cada pessoa tem a sua personalidade. A sua maneira de ser e de estar na vida. Deixo que imaginação das outras pessoas se exprimam. só espero que não façam muitas projecções daquilo que são em mim. LOL Se quiseres conhecer melhor ou mesmo ate pa falar do que te passar pela alma ou pela cabeça, associa juliofaisco@hotmail.com

sábado, outubro 07, 2006

BALL 17 apresenta ARY





Esta em cena mais um especulo da companhia ball 17 grupo de teatro fundada e sedeada em Serpa desde o ano 200. Companhia de teatro na educação do baixo Alentejo.
Companhia com o seu estilo de sentir a arte e de representar.
A baal 17 desenvolve um estreito trabalho com comunidade escolar, atreves do seu programa de interacção teatral Escolar, organiza o festival noites na nora, e mostra de teatro festival da folha caída e edita a revista baalzine.
Imagino que já estejam a perguntar mas afinal qual é a peça? Nome do espectáculo é Ary, a partir da obra desse grande poeta José Carlos Ary dos Santos.
Oriundo de uma família da alta burguesia, José Carlos Ary dos Santos, conhecido no meio social e literário por Ary dos Santos, nasceu em Lisboa a 7 de Dezembro de 1937.
Autor de mais de seiscentos poemas para canções, José Carlos Ary dos Santos edita em 1963 o seu primeiro livro de poemas “liturgia do Sangue”. À data da sua morte, em 1984, tinha em preparação um livro de poemas intitulado “ As palavras das Cantigas”, onde era seu propósito juntar os melhores poemas dos últimos quinze anos, e um outro de nome Estrada da luz – Rua da Saudade, que queria que fosse uma autobiografia romanceada.
Muitas mais coisas havia para dizer sobre este homem, mas espero que pela vossa curiosidade, o descubram porque é muito difícil tentar resumir toda uma grande história literária e ate musical.


Poeta Castrado, Não!

Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

Da fome já não se fala
é tão vulgar que nos cansa
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história
a morte é branda e letal
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

José Carlos Ary dos Santos